terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Para o Outro Lado

 Por Carlos Okawati

Todo mundo sabe que o céu é a terra dos anjos, aqui onde vivemos, poucas pessoas acreditam que os anjos também habitam esse lugar, e muito menos criaturas vêem ou viram, convivem ou conviveram com os anjos, poucos indivíduos têm esse privilégio, eu sou um deles!
Meu primeiro contato com um anjo foi quando bebezinho, eu ainda não sabia falar e desconhecia os perigos do mundo dos homens. Vivendo e aprendendo, estava deitado na cama de mola dos meus pais, e uma coisa que me chamou atenção, foi que os seres humanos andavam de um lado para outro se equilibrando em dois pés. Certo dia, a pequena cachorra Bolinha, que eu só conhecia pelos seus latidos, subiu na cama e ficou me contemplando, depois brincou comigo, lambeu meu rosto e rolou pela cama, coçando as costas no lençol, quando mamãe entrou no quarto, a Bolinha saltou para o chão e saiu de fininho do quarto. Nesse dia aprendi três coisas curiosas com a cachorra: primeira, que a Bolinha, diferente dos homens, caminhava com quatro pés; segunda, que eu podia brincar rolando pela cama; e terceira, que é falta de educação lamber o rosto das pessoas.
Duas coisas que mais gostava de fazer: mamar e dormir; duas coisas que mais desejava fazer rapidamente: falar e andar como as pessoas crescidas. Enquanto não crescia e não sabia falar e andar, aprendi a minha primeira brincadeira, rolar que nem a Bolinha pela cama, e pra lá e pra cá, é uma delícia. Um belo dia, eu fui brincar de rolar, e rolei para beirada da cama sem parar, quando percebi estava caindo da cama em direção ao chão, foi nesse instante, que duas mãos salvadoras seguraram meu corpo em pleno ar, ufa! Levantou-me e me colocou na cama.
- Quem você é? – pensei assustado, ainda não tinha aprendido a falar.
- Sou um Anjo da Guarda, pode me chamar de Ângelo.
Naquele primeiro encontro não deu nem para agradecer o meu herói, quando virei o rosto para ver a minha mãe, que tinha entrado no quarto; o Ângelo, o Anjo da Guarda, tinha desaparecido da mesma forma que tinha aparecido.

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